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Africanos, os primeiros na escrita

Imagine descobrir que a história da escrita, como conhecemos, começou não apenas na Mesopotâmia, mas também na vibrante África, onde os povos do Nilo, há cerca de seis mil anos, já registravam suas histórias e conhecimentos. Esse é o legado dos africanos, os verdadeiros pioneiros da escrita, quebrando o mito de que a África contribuiu apenas com tradições orais para a civilização humana. Vamos explorar como esses sistemas de escrita não só existiram, mas também floresceram, destacando a complexidade e a riqueza da cultura africana.

A cerca de seis mil anos, três milênios antes dos gregos, e paralelamente aos sumérios na antiga Mesopotâmia, os povos do Nilo no antigo Egito já escreviam e registravam a sua história. O povo africano não é exclusivamente oral. O continente africano detém o pioneirismo da escrita.

Egito

Quem escreve sobre o assunto no nosso blog é a estudante de Design na Universidade de São Paulo, Horrana Porfirio Soares, designer no coletivo INÁ Filmes e, se tudo der certo – palavras dela –  futura pesquisadora sobre o povo negro na história do Design.

“A África é o maior escritor-fantasma de todos os tempos”
Autor desconhecido

O domínio da escrita, do ponto de vista europeu, é o marco que divide a pré-história da história.  Apesar de todas as outras formas de registro, que vão da pré-escrita às tradições orais, aprendemos que tudo começa quando a Europa passa a dominar esse recurso – a escrita romana de hoje é utilizada desde o século VII a.C.

Só que no século IX a.C. os gregos já escreviam a partir de uma escrita fenícia, em aramaico arcaico, utilizada na África Oriental e na Ásia Menor (Turquia).  E mais de 3 milênios antes dos gregos – e paralelamente aos sumérios na antiga Mesopotâmia -, há cerca de 6.000 anos, os povos do Nilo no antigo Egito já escreviam e registravam a sua história, desenvolvendo três tipos de escrita, de acordo com a demanda social.

A primeira e mais importante é a escrita hieroglífica, utilizada na impressão de mensagens em túmulos e templos. A segunda, a hierática, uma simplificação da escrita hieroglífica para facilitar o trabalho dos escribas na escrita dos papiros. E a terceira é a escrita demótica, mais informal, presente na maioria da literatura e registros do antigo Egito.

A montanha da luz encontrada no sudeste do Egito datada em aproximadamente 6000 anos, e uma das primeiras escritas já encontradas. Fonte: BBC News, 1998.

A escrita egípcia serviu de base para o desenvolvimento da escrita meroítica, empregada em um dos reinos africanos mais antigos da história, o reino da Núbia (chamado pelos egípcios reino de Cuxe), no sul do Egito. A escrita meroítica, ao contrário da egípcia não era ideográfica, e sim alfabética, como o alfabeto desenvolvido pelos gregos.

Além desses sistemas de escrita, na Etiópia, existe a escrita Ge’ez há pelo menos 3.000 anos, consolidada como sistema a mais de 2.000 anos. Detalhe: ainda presente nos dias atuais. (Gênesis 29.11–16 em Ge’ez. Fonte: Wikipédia)

Apesar destes (só para citar alguns) e tantos outros sistemas de escrita que foram desenvolvidos pelos povos africanos antes ou durante o desenvolvimento da escrita na Europa, que vão de ideogramas a silabários e alfabetos, crescemos subentendendo que os povos africanos são exclusivamente orais, ágrafos.

É inegável a forte presença da tradição oral na África. Mas é inegável também seu pioneirismo na escrita, por meio de diversos sistemas desenvolvidos no continente e na diáspora, por pessoas negras, para atender às demandas de registro e comunicação. É sabido que os povos africanos são os primeiros povos a se desenvolver em sociedade, onde essa demanda passou de fato a existir.

A citação no começo do texto que, ironicamente, possui um escritor-fantasma nunca creditado, reflete e resume a realidade de como a história nos é contada.

Uma das estratégias utilizadas para a manutenção do racismo foi – e tem sido – a de ignorar toda a contribuição tecnológica e intelectual do povo negro no percurso da história da humanidade, retirando assim qualquer referência para a construção de autoimagem que não seja a de um passado escravagista.

Mas assim como a escrita, a matemática, a arquitetura e diversas outras áreas do conhecimento não somente estiveram em África, como foram criadas e desenvolvidas dentro do continente durante milênios. O povo negro é pioneiro em essência.

Fontes:

CUNHA JUNIOR, Henrique. Arte, adorno, design e tecnologia no tempo da escravidão. Museu Afro Brasil, 2013. Tecnologia e fazer artístico do tempo do escravismo. p. 41-50.

CUNHA JUNIOR, Henrique. O Etíope: Uma Escrita Africana. 

KI-ZERBO, J. História Geral da África I: Metodologia e Pré-História da África. UNESCO, 2010. As fontes escritas anteriores ao século XV. capítulo 5.

MAFUNDIKWA, Saki. Afrikan Alphabets: The story of writing in Afrika. Mark Batty Publisher, 2007. Historical Afrikan writing systems. p. 51-61.

http://news.bbc.co.uk/2/hi/science/nature/235724.stm (Acessado em 04/02/2018)

https://www.britannica.com/topic/writing/History-of-writing-systems (Acessado em 04/02/2018)

http://egypteroi.blogspot.com.br/2014/02/antigo-egito-sistema-de-escrita.html (Acessado em 04/02/2018)

http://carlos-abner.blogspot.com.br/2013/05/reino-da-nubia-ensino-fundamental.html(Acessado em 04/02/2018)

https://pt.wikipedia.org/wiki/Alfabeto_grego (Acessado em 04/02/2018)

https://pt.wikipedia.org/wiki/Escrita_ge%27ez (Acessado em 04/02/2018)

http://carlos-abner.blogspot.com.br/2013/05/reino-da-nubia-ensino

Desvendando as Raízes da Escrita: O Legado Africano

A história da escrita é frequentemente contada através de uma lente eurocêntrica, mas os africanos foram, de fato, alguns dos primeiros a desenvolver sistemas de escrita. Cerca de três milênios antes dos gregos e simultaneamente aos sumérios, os povos do Nilo já dominavam a arte da escrita, registrando sua história e cultura. Entre os sistemas notáveis, destaca-se o Shü-Mom, desenvolvido em Camarões pelo Rei Njoya em 1896, capaz de escrever qualquer língua humana. Este artigo, escrito por Horrana Porfirio Soares, estudante de Design na Universidade de São Paulo, destaca a importância de reconhecer a África como um continente de inovação e conhecimento, desafiando a narrativa de que os africanos contribuíram apenas com tradições orais para a história da humanidade.

Quem foram os pioneiros da escrita? Os africanos foram alguns dos pioneiros da escrita, desenvolvendo sistemas de escrita cerca de seis mil anos atrás, paralelamente aos sumérios e muito antes dos gregos.

Qual é um exemplo de sistema de escrita africano? O sistema de escrita Shü-Mom, desenvolvido em Camarões pelo Rei Njoya em 1896, é um exemplo notável, capaz de escrever qualquer língua humana.

Como a escrita africana influenciou a história? A escrita africana serviu de base para o desenvolvimento de outros sistemas de escrita, como a escrita meroítica no reino da Núbia, e desempenhou um papel crucial na preservação da identidade e cultura africana.

Por que é importante reconhecer a contribuição africana para a escrita? Reconhecer a contribuição africana para a escrita é fundamental para desafiar as narrativas eurocêntricas e reconhecer a África como um continente rico em inovação, conhecimento e cultura.

Qual é o impacto da tradição oral na cultura africana? Embora a tradição oral seja uma parte significativa da cultura africana, é crucial reconhecer que os povos africanos também foram pioneiros na escrita, desafiando a ideia de que sua contribuição para a história da humanidade é exclusivamente oral.

15 comentários em “Africanos, os primeiros na escrita”

  1. Pode dar-nos o conceito de "povo negro", por favor? Por outro lado, já é sabido e provado cientificamente que não existem diversas raças humanas, mas apenas uma. O conceito de raça foi uma criação "ocidental" para, sim, diminuir a importância de outros povos que não os europeus que colonizaram outros continetes e outros povos. Ao usarmos estes conceitos (raça negra, raça braca, etc.) estamos justamente a difundir e a validar essas teorias racistas e coloniais, as mesmas que nos fizeram mal e nos segregaram. Enfim… O ser humano e as suas contradições (desorientações) eternas…..

    1. Tania Regina Pinto

      Olá anônimo, obrigada por estar com a gente. Agora viramos o site primeirosnegros.com- depois de mais de 10 anos de caminhada
      Segue a gente. Estamos no Instagram também
      Quanto à sua questão, sobre conceito de povo negro. Para mim é uma questão de origem e o meu é um posicionamento político sim. O povo negro ou povo preto é todo aquele que tem sua origem na África. Entendo que somos, muitos de nós, miscigenados. Mas, na vida, carregamos o ônus do racismo estrutural. Somos tratados como exóticos – e aí não importa o sangue europeu, americano…. Na discriminação, vale a nossa origem. Então, seremos sempre africanos, povo preto vivendo no Brasil, nos EUA, na França…

  2. Wikipedia, querido, trabalhe o seu inglês só um pouco e estude, se informe das pesquisas feitas no Egito e assine a lista UNESCO e outras de estudos e descobertas arqueológicas. Ainda bem que postou anonimamente, vergonha pura e se vai ofender, não use palavras de derivação dos povos africanos, nem é possível te levar a sério. Visite bibliotecas e estude também. Se conseguir, e peça ajuda, pesquise os grupos de estudos sobre Diop nas universidades francesas, acho que já tens dever de casa suficiente. Não recomendo ZAP. E sou Lu Ain-Zaila, não me escondo, banco minhas palavras porque é assim que adultos fazem quando querem ser levados a sério. Fica a dica.

  3. Adoro conhecer um pouquinho mais sobre a riquissima e infelizmente quase apagada história dos nossos ancestrais, ver um racista passando vergonha de brinde, ah, perfeito. Parabéns e obrigado pelo conteúdo e pela dedicação em pesquisar assuntos mais a fundo, dedicação que claramente algumas pessoas não tem. Vou seguir nas outras redes!

  4. Pingback: Escolinha Maria Felipa, educação infantil afro-brasileira • Primeiros Negros

  5. Pingback: Da escrita à foto na Lua • Primeiros Negros

  6. Pingback: Na batida do tambor • Primeiros Negros

  7. Pingback: Tecnologias ancestrais, afrofuturismo e sankofa

  8. olha os papo desses cara kkk vão toma no cu, lindo o trabalho preta, realmente me interessei pela história e vou busca conhecer antes de fica falando merda igual uns branco do krlh aí, mas vcs não tiram minha paz não quero mais e que a nossa história seja contada

  9. olha os papo desses cara kkk ******,

    Lindo o trabalho preta, realmente me interessei pela história e vou busca conhecer antes de fica ********** igual uns branco ****** aí, mas vcs não tiram minha paz não quero mais e que a nossa história seja contada

  10. Pingback: Cheikh Anta Diop, protagonismo negro na história do mundo

  11. Pingback: Letra e Música 

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