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Intolerância Religiosa, o ódio semeado em nome de Deus

Não foi o povo negro quem inventou o quesito raça para classificar seres humanos. Raça sempre teve a ver com animais irracionais, não com gente!

Imagem: Caio Gomez
Imagem: Reprodução | Caio Gomez

Mas…

Como subjugar um povo? 

Como ter poder?

Como tornar-se “superior”? 

É do desejo de ser “deus”, de estar acima do bem e do mal, de ter poder sobre tudo e todos que surge o racismo que, ao longo do tempo, se estrutura e faz com que duvidemos de quem somos, de nossa humanidade, de nossa potência, de nossa ancestralidade.

O tema da edição “Espiritualidade negra, filosofia e religião”, inclui intolerância, terrorismo, racismo religioso que atravessam o nosso exisitir negro de um milhão de maneiras.

E vamos sim colocar o dedo na ferida dos que acreditam, ainda, que há diferença entre o nosso sangue vermelho e o sangue vermelho dos não negros, com artigos na seção Sem Mordaça escancarando a apropriação de tudo que nasceu em África, incluindo mitos transformados em versículos bíblicos.

Sobre Exu, a sua essência e as invenções do catolicismo transformando-o em demônio. Celebramos os orixás com suas histórias, simbologias e presença e, em um artigo especial, detemos o nosso olhar sobre o sagrado feminino, as yabás.

Como nossa Espiritualidade não se limita à religiosidade, fechamos a edição com uma pequena imersão no pensamento filosófico negro, de ontem e de hoje, sem o “penso, logo existo”, da filosofia ocidental, que coloca o saber acima do sentir.

Além de artigos no PN Educação sobre Filosofias Africanas, que datam de mais de 28 mil anos antes de Cristo, o pensar, sentir e o viver dos filósofos Frantz Fanon,Katiúscia Ribeiro, Angela Davis, Sueli Carneiro, Djamila Ribeiro e Molefi Kete Asante.

Crimes contra a fé

Escolhemos o mês de março para esta edição porque dia 21 é:

  • Dia Internacional contra a Discriminação Racial
  • Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé.

A Constituição de 1988 protege a liberdade religiosa, o livre exercício de cultos, além de templos e diferentes liturgias. Tal proteção, garantida em lei, entretanto, não impede que se cometam crimes especialmente contra a afro espiritualidade.

Uma pesquisa coordenada pela Rede Nacional de Religiões Afro-brasileiras, ao ouvir representantes de 255 terreiros de todo o país, constatou que quase a metade registrou até cinco ataques a terreiros nos últimos dois anos.

Dados do Ministério dos Direitos Humanos informam que só em 2022 foram 1201 ataques a terreiros, um aumento de 45% em relação a dois anos antes.

Na tentativa de coibir o aumento deste tipo de crime, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no início de 2023, sancionou lei que equipara crimes de injúria racial e de racismo, incluindo a intolerância religiosa. 

A pena passa a ser de 2 a 5 anos de prisão, a quem obstar, impedir ou empregar violência contra quaisquer manifestações ou práticas religiosas. É comum, por exemplo, se chamar a polícia para impedir mães e pais de santo de dar assistência religiosa nos hospitais

Mas a punição ainda esbarra em enormes desafios, a começar pela falta de preparo das polícias e do próprio Poder Judiciário para qualificar o crime e garantir o andamento de inquéritos e processos.

A somar-se, ainda, o fato de, por medo de represália, muita gente desistir das denúncias, o que gera subnotificação de casos – como informa a Ordem dos Advogados do Brasil.

Leia os artigos As Leis e o Racismo e Injúria Racial na seção Sem Mordaça.

– A redação

2 comentários em “Intolerância Religiosa, o ódio semeado em nome de Deus”

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