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Yabás, as orixás femininas

Você já ouviu falar nas Yabás? Elas são as orixás femininas no panteão africano, figuras de imenso poder, sabedoria e complexidade. Oxum, Iemanjá, Iansã, Nanã, Obá, e Ewa não são apenas divindades; elas são reflexos das nossas próprias potências e contradições. Neste mergulho no universo das Yabás, vamos explorar como essas figuras míticas nos ensinam sobre a vida, o amor, a força e a capacidade de renovação que reside em cada um de nós.

Todos, divinos ou não, temos um lado luz, um lado sombra, um lado mais ou menos. Trazemos contradições… Os opostos que residem em todos os orixás, estão em todos nós. Nada é só bom ou só mal. E isso vale para Oxum, Iemanjá, Iansã, Nanã, Obá e Ewa. E elas contam de nossas potências, imensas como as águas do mar; da nossa capacidade de fluir como os rios, de viver ao sabor dos ventos, de flutuar como a névoa, de renovar o espírito, ter fartura, pureza de coração, amar… 

Festa das Yabás, de Matheus N. Augustinho - 2020
Festa das Yabás, de Matheus N. Augustinho (2020)

A mitologia é rica nas versões do nascimento dos orixás. E não existe versão certa ou errada, verdadeira ou mentirosa. Isso porque mito não é sinônimo de mentira. Mito é uma história. A Mitologia é uma narrativa de histórias que contam de nosso inconsciente, o nome científico que damos para Deus, a nossa matriz. Os atributos dos orixás estão presentes na psique de qualquer mortal, seja ele iniciado ou não. Todos temos, na base, a religiosidade africana, independentemente de nossa origem continental.

Yabá, Aiabás, Lyagbas, Iabá, Lyabá ou Aiabá quer dizer “Mãe Rainha”. Assim devemos nos  referir às Orixás femininas, que são celebradas no Brasil no dia 13 de dezembro e, individualmente, em outras datas também, em função do sincretismo religioso que apropriou-se de suas existências e criou versões católicas de cada uma delas na eterna tentativa de tirar-lhes o protagonismo.

Odoyá, Iemanjá: Salve a senhora das águas

Mãe das águas salgadas, orixá fundamental no desenvolvimento da Mitologia Africana e nos aspectos simbólicos da nossa psique. Maternal, boa conselheira, voluntariosa, calma na aparência e agitada no íntimo, emotiva, com tendência a se afastar, feminista da primeira hora!

Iemanjá está na formação de tudo! Uma das versões do mito conta que é ela quem gera os orixás, junto com Olodumaré: 

“No princípio – como ensina a Bíblia, referindo-se a Deus – Olodumaré está sozinho com o fogo e paira sozinho sobre as águas. Ele está bravo, sem consciência de si, até que surge Iemanjá e dá luz às estrelas, às nuvens, aos orixás…”

Outra versão do mito da criação do mundo conta que Iemanjá vivia só no Orum, a morada dos deuses, até que Olodumaré decide que ela precisa de uma família – ter com quem comer, conversar, brincar, viver… Então, seu estômago cresce e dele nascem todas as estrelas. Mas, elas vão fixar-se na abóbada celeste. E Iemanjá continua solitária.

Aí, de sua barriga crescida, nascem as nuvens que perambulam pelo céu até se precipitar em chuva sobre a terra, deixando a yabá sozinha, de novo. Numa terceira “gravidez”, nascem Xangô, Oiá, Ogum, Ossaim, Obaluaê e os Ibejis que lhe fazem companhia.

Só depois Oxalá cria a Humanidade com a ajuda de Nanã.

Uma terceira história conta que suas águas se tornaram salgadas em um momento de muita dor e ódio – ela tinha um filho lindo, invejado e que foi condenado injustamente. Por vingança, ela decide que a humanidade não iria mais beber água doce – essa primeira leva da humanidade morreu.

Relatos semelhantes aparecem no Velho Testamento e tudo mostra como a religiosidade reflete quem somos. Como Iemanjá, muitas vezes, nós também, como o mar bravio, arrasamos com tudo.

Mesmo assim, com suas ondas, ele segue lindo, inspirador, traz os peixes, a navegação, mas sem qualquer controle, como a nossa inconsciência.

Imagem de Iemanjá (Imagem: Nobre arte em gesso)
Imagem de Iemanjá (Imagem: Nobre arte em gesso)

Carl Jung, “pai da psicanálise”, não por acaso, ensina que a inconsciência é a mãe da consciência. Nossa cabeça vem do inconsciente – e Iemanjá é a mãe de todos os oris, de todas as cabeças.

Na Mitologia Grega – que também se apropria da Mitologia Africana, como o Cristianismo -, temos Ulisses que, navegando, passa por um lugar onde existem sereias, que o seduzem – “devoram” -, fazendo com que perca a consciência de si mesmo.
Iemanjá é vida e morte – ou vida e vida! Promove a integração dos opostos, inclusive entre homens e mulheres, combatendo nossa tendência ao unilateralismo, que esgota nossa mente e nosso físico.

Descanso do Sol

Iemanjá salva toda a humanidade das forças do sol – conta outro mito – e garante a subsistência e a existência no nosso planeta ao criar Oxu, a Lua! 

“Orum, o sol, nunca descansava e a vida na Terra estava morrendo. Tudo estava torrando. Preocupada, ela sugeriu a Orum: ‘Você nunca descansou, vai descansar’. Orum aceitou a sugestão. E veio a escuridão… Mas, esperta, Iemanjá tinha guardado alguns raios de sol embaixo da sua saia e pode dar origem a uma outra fonte de luz, Oxu, a Lua, dando um frescor para toda a humanidade – dia e noite, sol e lua, trabalho e descanso, consciência e inconsciência, sentir e não sentir.” 

Todos precisamos de pausa, de descanso – e Iemanjá garante isso, do jeitinho que está na Gênesis – Deus descansou no 7º dia! Tudo tem o seu limite, a sua duração. Tempo do trabalho, de viver, amar, abraçar – e, mais uma vez a Bíblia, reproduz a Mitologia Africana, a religiosidade matriz.

Homem & Mulher

O feminismo, a igualdade de gênero, também nasce com Iemanjá, presente desde o começo com Olodumaré, mas também, como aparece em outro mito, casada com Orunmilá – ligado ao jogo dos búzios, o babalaô, aquele que conhece os mistérios, dá conselhos, receita ebós. 

“Um dia, Orunmilá teve de viajar, demorou a voltar e o dinheiro acabou. Sozinha, sem recursos, Iemanjá decide jogar búzios, dar conselhos – de tanto observar, ela sabia como o marido fazia. Não demora, ela forma uma clientela expressiva e começa a ganhar dinheiro. Quando Orunmilá volta e se depara com uma fila de pessoas querendo ser atendida por ela, fica indignado, mas reconhece o seu talento.”

E é a partir daí que as mulheres começam a exercer o ofício de sacerdotisa – de promover a consciência. Até então, só os homens podiam exercer a função.

Na prática, na integração dos opostos, se recolhe e se acolhe o que é desprezado, integrando-o à consciência. Todo mundo tem o direito e a capacidade para fazer tudo.

Ora iê iê ô ! / Salve a Senhora da bondade / Salve mãezinha benevolente

Oxum, deusa das águas doces – rios, fontes e lagos -, do ouro, da fecundidade, do jogo de búzios e do amor, também tem seu lado mulherista africano

Sempre preocupada com as convenções sociais, tem um lado fútil, dissimulado, sofredor mas é, também, carinhosa, sedutora, agradável, maternal, tranquila, apaixonada, meiga, vaidosa…

Uma de suas histórias conta que certa vez Olodumaré, após a criação do mundo, começa a fazer reuniões só com os orixás e Oxum se rebela com a exclusão do feminino da tomada de decisões, fazendo com que todas as mulheres fiquem estéreis, inviabilizando a vida no planeta, o mundo!

Oxum
Oxum (Imagem: Lambuja/Supreinteressante)

Atitude certeira porque, na concepção machista, o progresso só acontece a partir das guerras, das conquistas de territórios. E, para tal, as mulheres precisam gerar  homens! Resumindo: Olodumaré decide que Oxum pode participar das reuniões dos orixás. Assim, as mulheres voltam a engravidar. Quer dizer, com uma única ‘jogada’, ela traz a importância da fecundidade, da valorização do feminino, das relações horizontais, do encontro.

A mãe

Em um outro mito, Oxum é colocada como “mãe biológica” dos Ibejis. Por sonhar com a maternidade, ela consulta Orunmilá – orixá responsável pelo oráculo, regente do jogo dos búzios – e é orientada a fazer um sacrifício. 

Ela segue a prescrição e nascem três ibejis. Oxum aceita dois – queria um – e rejeita o terceiro, que passa a perturbar os irmãos, que vão ficando muito tristes. 

Ao consultar Orunmilá mais uma vez, é orientada a pegar uns espelhos e colocar na frente dos filhos para ver o que estava acontecendo, descobre a perturbação. No final, ela rejeita um filho e perde dois – um que ela não queria e outro que morre de saudade do irmão.

A sedutora

Há um mito, ainda, que conta da mediação de Oxum junto a Ogum, pai da metalurgia. Ogum se comprometeu (porque quis) a nunca sair da forja. Só que um dia, o orixá guerreiro cansou do trabalho, com saudade dos tempos de juventude em que era caçador e decide abandonar tudo!

O problema é que sem instrumentos de metal – nem armas para guerra nem utensílios agrícolas para trabalhar a terra – praticamente desaparece a possibilidade de progresso, a capacidade de transformação da sociedade.

Em busca de solução, os orixás se reuniram e decidiram enviar pessoas para fazer Ogum mudar de ideia. Só que ele,  enfurecido, mata todo mundo até que Oxum aparece na sua frente.

Ela dança para ele e, ainda, passa mel na sua boca, para que ele sinta o seu gosto. Hipnotizado, Ogum acompanha Oxum em direção à cidade, onde havia deixado a forja, e, quando se dá conta, está no seu ambiente de trabalho. Aí, para não dar o braço a torcer, conta que voltou para a forja porque quis! 

Oxum é a docilidade no lugar do confronto, a gentileza, o respeito. Traz a inspiração do desapego, concilia os opostos, nossa relação com o inconsciente. 

Amor e liberdade

O amor entre duas mulheres como parte da vida e da sabedoria ancestral é outro mito desta orixá. Ela se encanta por Iansã e tenta atraí-la. Iansã resiste o que pode até que se deixa seduzir.  

O problema é que Oxum quer sempre mais, o que deixa Iansã tão furiosa que Oxum é obrigada a fugir e ir morar dentro do rio, de onde nunca mais saiu.  

A incapacidade de Oxum em controlar seus impulsos faz com que perca a liberdade, por mais que a força do rio reflita o seu modo de estar na vida. E o espelho que traz na mão simboliza este alerta para que, no encontro com o outro, não contemplemos apenas os nossos sentimentos.

Saluba Nanã! / Nos refugiamos em Nanã / Salve a Senhora do Poço, da Lama! De gênio forte, Nanã

Nanã Buruku (ou Burukê) é a mãe ancestral, barro primordial, velha sábia, ligada ao mundo dos mortos (eguns), com tradições e regras morais e sociais rígidas. É a mais velha das orixás femininas, rainha das águas profundas, de onde a água se mistura com o barro e faz-se a lama. Geralmente, calma e gentil, no controle das emoções, não tem espírito guerreiro, mas pode ser vingativa, distante, fria, altiva. O mito judaico-cristão, helênico, do homem formado a partir do barro é de Nanã, da Mitologia Africana, a primeira, bem antes de Cristo!

Oxalá tentou criar o homem do ar – mas não deu certo, ele se desvaneceu. Tentou a madeira, ficou muito duro. Experimentou a pedra, ficou pior ainda, mais duro. Testou o fogo e o homem se consumiu. 

Vendo Oxalá na tentativa e erro de criar o homem, Nanã foi às profundezas do lodo onde morava e com o ibiri (cetro-arma de sua indumentária), tirou a lama do fundo do lago e deu para Oxalá, mas com a condição de que, na morte, o homem voltasse a ser pó, a ser lama. 

Aí a origem da expressão bíblica: do pó veio ao pó tornará. (Eclesiastes 12:7)

Nanã e Oxalá têm uma relação de proximidade, de amor, intriga e traição. Isso porque Nanã tem a fama de ser justa, só que com viés feminino – ela punia os homens em benefício das mulheres. 

Nanã
Nanã, representada pela modelo Lilian De Nanã. (Foto: @kahmi)

Como detentora do poder dos mortos, sempre condenava os maridos e os castigava levando-os ao quartinho dos eguns, para ficarem perturbados. E a sua justiça imparcial era tão evidente que os orixás se reuniram e incumbiram Oxalá de resolver o problema.

Ele vai visitá-la e é tão bem recebido que acaba ficando dias na casa dela. Apaixonados, os dois começam um romance e ele se aproveita dessa proximidade para enganá-la, bem como os eguns. 

Um dia, Nanã sai e o deixa em casa. Oxalá, então, se veste com a roupa dela, muda a voz, vai no quartinho dos eguns e diz: “A partir de agora, vocês vão obedecer os homens”.  

Os eguns obedecem Oxalá, que passa a ser detentor da vida e da morte. Só que o orixá é condenado a usar roupa feminina ao trazer o poder dos mortos para o reino dos homens.

Nanã, de seu lado, passa a ouvir mais os dois lados.

Ri Ro Ewá! / Doce e branda, Ewa!

Filha de Nanã com Oxalá, Ewá ou Iyewá é uma bela virgem por quem Xangô se apaixona, sem conseguir conquistá-la. Isso porque ela é a própria névoa. Deusa da intuição e da vidência, não toca o chão, o mundo em que vivemos. Faz parte de uma outra esfera. Olha para o horizonte. Tem dificuldade em lidar com as questões do dia a dia, do relacionamento afetivo.

Misteriosa, defensora das normas sociais, simples, sem vaidade, de poucos amigos, pudica, austera, virgem dos cemitérios, em alguns mitos é irmã de Oxumaré, em outros, sua mulher.

Ewa
Ewa (Imagem: Reprodução)

Em uma das histórias, Nanã decide que Ewa vai casar. E surgem pretendentes de toda parte, todos príncipes. Mas ela não consegue escolher. A dúvida e a angústia a corroem, os pretendentes começam a se matar, brigando pela sua mãe, e o reino de Nanã adoece – a terra seca, não mais produzindo flores, frutos…

Preocupada, Nanã fala com Olodumaré, faz um sacrifício e tudo volta ao normal: o céu, o sol, a terra…. Mas Ewa começou a se desintegrar, vira névoa.

A partir daí, Olodumaré decide que Ewa cuidaria das paixões de todos os corações em dúvida sobre qual caminho seguir.

Outro mito conta que Ewa ficava presa no palácio com o pai. E Xangô, ao saber de sua beleza, se disfarçou de jardineiro, foi trabalhar no palácio de Oxalá, passou na frente de Ewa e a seduziu. Só que Xangô não foi um bom marido para Ewa – como orixá da Justiça, ele sempre tinha razão, além de ser combativo e inflexível, rígido demais para ela, a ponto de preferir morar em um cemitério a continuar vivendo com ele.

Eparrei Oyá! Eparrei Iansã  / Salve a mãe dos nove espaços de orum

Deusa dos ventos e das tempestades, Iansã – ou Oiá – é também senhora dos raios e dona da alma dos mortos (eguns). Isso porque se apropria dos atributos dos orixás com quem se envolve. Quer dizer, tem facilidade de aprendizagem, não importa se o outro quer ensinar ou não. Assim, ela tem o raio e o fogo de Xangô, o domínio sobre os reinos dos mortos de Obaluiaiê, a espada de Ogum e a capacidade da pesca de Olodumedê.

Iansã era estéril. Mas, após fazer o sacrifício de um carneiro, consegue ter nove filhos e nunca mais come a carne do animal, em uma atitude que mostra a necessidade de termos um respeito permanente por nossa história inteira – conta um dos mitos sobre o seu existir.

Enquanto Oxum é ligada à persona, ao tudo pelo social, Iansã é o oposto – ninguém para ser. Independente, audaciosa, impulsiva, imprevisível, expansiva, sensual, nada convencional, autoritária, agressiva, não por acaso é a própria força dos ventos – simboliza o sopro de vida, que traz prosperidade e progresso -, e dos raios, que expressam sua veemência, sua intensidade. 

Iansã Tiago Sant'Anna
Iansã (Foto: Tiago Sant’Anna)

Mas Iansã, às vezes, fulmina (como um raio) a capacidade de diálogo com sua impulsividade. Certa vez, conta outro de seus mitos, Ogum foi caçar e viu uma mulher muito atraente, era Iansã. Ele se sentiu atraído, mas percebeu a pele de búfalo ao lado dela, o seu lado animal.

Apaixonado, mas não correspondido, Ogum rouba sua pele de búfalo e a pede em casamento. Ela aceita, mas com a condição de que ele nunca faça piada sobre seu lado animal. E se torna a favorita entre as esposas do orixá.

Ciumentas, as outras esposas embebedam Ogum para que ele conte onde está escondida a pele de búfalo. Ele conta, as mulheres riem de Iansã, que vira búfalo, mata todas as mulheres, poupa os nove filhos e vai embora, deixando um sinal dos chifres nos filhos, para que as crianças a invoquem caso precisem.

Outro mito conta que Iansã começou a soprar as brasas da forja de Ogum para  acelerar a produção de armas e ferramentas para Oxarianã. O cliente ficou tão feliz com sua interferência, se apaixonou e fugiu com ela.

O sopro do vento de Iansã também traz à tona o que estava encoberto, amplia o olhar de quem vê e de quem se vê. E isso acontece no seu encontro com Obaluaê, o senhor da terra dos mortos. Quando ela dança com ele, faz o vento movimentar a sua roupa, sua beleza aparece e ele, em gratidão, lhe entrega o reino dos mortos.

Mas o melhor de tudo é que Iansã não está preocupada em agradar. Ela é livre, busca o desenvolvimento da psique feminina, a evolução do seu viver.

Isso aparece com muita clareza em um dos mitos que conta de sua relação com seu parceiro definitivo, Xangô. Ele saiu para receber homenagens e acabou aprisionado. E ela só descobre o que está acontecendo porque consegue ler a gamela do orixá. Aí, começa a mandar rajadas de ventos e raios para o amado, que estava sem forças, e o liberta. Em outras palavras, seu aprendizado serve para o casal. O que diz muito de uma vida a dois bem sucedida: o segredo está em compartilhar visões de mundo, uma troca que contribui amplia a consciência dos dois.

Akirô Obá Yê! / Eu saúdo o seu conhecimento, Senhora da Terra!

Obá é a orixá que aquieta o racional dos seres. Tem um lado guerreira, batalhadora, cheia de vigor e sedução em contradição à amante dedicada, que se anula para que o outro brilhe, que abre mão de seu próprio viver. 

Forjada para o relacionamento estável, se doa demais, sufoca o ser amado, sofre de ciúme, sente-se incompreendida, mal amada, rejeitada e se entrega ao trabalho para esquecer os problemas afetivos.

Obá Cláudia Krindges
Obá (Imagem: Cláudia Krindges)

Um mito de Obá conta que ela era uma das três esposas de Xangô, a que ficava sempre de lado – as outras eram Oxum e Iansã. 

Um dia, Obá quis saber porque Xangô era encantado com Oxum. E Oxum diz que Xangô gosta muito da sua comida porque ela sempre coloca um pedaço da própria orelha na comida dele. 

Obá, ingênua, não percebe a mentira! Corta a orelha e põe na comida de Xangô. Enojado e furioso com as duas, ele corre atrás delas que, fugindo, se transformam nos rios, Oxum e Obá – lá na Nigéria -, que correm até hoje da fúria de Xangô.

Leia também Racismo Religioso, entre a cruz e o chicote com mais informações sobre orixás e a apropriação da Mitologia Africana pelo Catolicismo.


Fontes: Instituto Freedom – curso Mitologia Afrobrasileira e Psicanálise, Bíblia Sagrada, O Candomblé, Mulheres de Luta, PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás

Yabás: Explorando as Facetas das Divindades Femininas na Mitologia Africana

As Yabás, orixás femininas na religiosidade africana, representam forças da natureza e aspectos humanos profundos, desde a maternidade e a fertilidade até a guerra e a morte. Cada Yabá possui características únicas que refletem os elementos naturais e os traços humanos, como a doçura e a ferocidade, a criação e a destruição. Através de suas histórias e mitos, as Yabás ensinam sobre o equilíbrio entre opostos, a importância da feminilidade, e a presença da divindade em aspectos cotidianos da vida. Elas são celebradas individualmente e coletivamente, destacando a riqueza e a diversidade da espiritualidade africana e sua influência na formação cultural e religiosa no Brasil.

Quem são as Yabás? As Yabás são as orixás femininas na religiosidade africana, representando diversas forças da natureza e aspectos da vida humana, como Oxum, Iemanjá, Iansã, Nanã, Obá, e Ewa.

O que significa Yabá? Yabá, ou Aiabás, Lyagbas, Iabá, Lyabá, Aiabá, significa “Mãe Rainha” e é como se referem às orixás femininas, destacando seu papel de poder e maternidade espiritual.

Qual é a importância de Iemanjá na mitologia africana? Iemanjá é considerada a mãe das águas salgadas e uma orixá fundamental na mitologia africana, simbolizando a maternidade, a conselheira, e a força feminina primordial, além de estar associada à criação do mundo e dos outros orixás.

Como Oxum influencia a vida e a espiritualidade? Oxum é a deusa das águas doces, do ouro, da fecundidade, e do amor, influenciando a vida e a espiritualidade através de seus atributos de beleza, riqueza, maternidade, e poder sobre o destino e as relações humanas.

Qual é o papel de Iansã na natureza e na humanidade? Iansã, ou Oiá, é a deusa dos ventos, tempestades, e raios, tendo um papel crucial na natureza e na humanidade como a força que traz mudança, proteção contra os espíritos dos mortos, e a expressão da liberdade e da paixão.

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