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Esportes e superação negra

Uma edição na primeira pessoa do singular, que inclui esportes em equipe. Sem dúvida, uma edição em aberto, com muito a esclarecer e a conquistar.

Didi, Francisco Carregal, Daiane dos Santos, Melania Luz e Miguel do Carmo (Imagem: Reprodução)
Didi, Francisco Carregal, Daiane dos Santos, Melania Luz e Miguel do Carmo (Imagem: Reprodução)

Francisco Carregal ou Miguel do Carmo – quem foi o primeiro no futebol profissional? Bangu e Ponte Preta reivindicam o pioneirismo do início do século XX, quando negros em campo, jogando, beirava o sacrilégio!!! E é assim a nossa história, cheia de lacunas e muito discriminação.

Das conquistas que faltam, uma que mais uma vez – e de novo – escancara o racismo: nunca tivemos um técnico preto à frente da seleção canarinho, apesar de registrarmos a excelência do técnico preto e brasileiro preto Didi à frente da Seleção do Peru! É o país do futebol, de Pelé!

Podemos questionar – e até sermos intolerantes – jogadores que se esforçam para esconder sua negritude ancestral. Mas se imaginarmos que boleiros eram obrigados a passar pó-de-arroz e esconder a carapinha para entrar nos clubes onde estavam escalados para jogar futebol…

Gostamos de comparar atletas do Brasil com os dos Estados Unidos, que consideramos mais combativos… Nossa história é diferente. 

No país da segregação racial, os Estados Unidos, negro é negro e ponto. No país da “democracia racialtodo mundo quer ser branco – este o sonho sul-americano. Nós “compramos” a ideia dos “bem-nascidos”, do racismo científico, “do clarear para progredir”...  

São muitas as histórias que temos para contar –  nada sem dor, sem desafios, sem discriminação racial, de gênero etc etc etc – de pessoas dos sexos masculino e feminino, exemplos de superação e excelência, como a da rainha Marta, que superou o rei do futebol.

Adhemar Ferreira da Silva e, ao fundo, Alfredo Gomes (Imagem: Reprodução)
Adhemar Ferreira da Silva e, ao fundo, Alfredo Gomes (Imagem: Reprodução)

Tem os pioneiros olímpicos, pretos do Brasil,  como Adhemar Ferreira da Silva, o atleta do salto triplo;  Alfredo Gomes, o primeiro do AtletismoEdvaldo Valério, o primeiro negro medalhista da natação do Brasil; Isaquias Queiroz, da canoagem, que conquistou três medalhas em uma só edição olímpica; Robson Conceição, ouro inédito do boxe brasileiro…

Em um único artigo, celebramos atletas negras que desconstruíram, na prática, a ideia de que existe  “esporte de homem” e limite de idade para se fazer presente nas Olimpíadas.

Destaque para a insuperável Bete dos Pesos que, aos 43 anos, tornou-se a primeira brasileira a disputar as Olimpíadas na modalidade Halterofilismo, em Sidney, Austrália, e para Wanda dos Santos, a segunda mulher negra a disputar uma Olimpíada e que, em 1960, embarca sozinha para os Jogos Olímpicos de Verão de Roma, na Itália, integrando a delegação brasileira, que tinha um total de 81 atletas.

A pioneira em Olímpiadas, primeira mulher negra a correr livre na pista de 200 metros, 60 anos depois de, oficialmente, abolida a escravidão, é  Melânia Luz. Ela “inaugurou” nossa jornada de mulheres para além de especiais, como a brasiliense Ketleyn Quadros, em Pequim 2008,  primeira brasileira a chegar ao pódio olímpico em uma competição individual de Judô, conquistando a medalha de bronze na categoria leve (57 kg), e  a piauiense Sarah Gabrielle Cabral de Menezes,  a primeira mulher do país a conquistar o ouro da modalidade em 2012.

Nesta edição, ainda, o brilhantismo da velocista Aída dos Santos, que ficou conhecida como “leoa” no Japão; Anderson Silva, dono da maior sequência de vitórias e de títulos de defesa na história do UFC – Ultimate Fighting Championship;  Daiane dos Santos, um nome para sempre gravado na história da ginástica artística; Fofão, a primeira mulher a treinar uma seleção de vôlei no Brasil, e Rafaela Silva, ineditismo no judô, bicampeã mundial de judô e campeã olímpica, com medalhas de ouro, prata e bronze.

As surfistas Nuala Costa, Erica Prado e Yanca Costa com a nadadora Etiene Medeiros (Imagem: Reprodução)
As surfistas Nuala Costa, Érica Prado e Yanca Costa com a nadadora Etiene Medeiros (Imagem: Reprodução)

Abrimos espaço para as mulheres do mar, como Etienne Medeiros, nadadora pioneira, e preparamos três artigos para contar a história das surfistas negras que, para além de dominar as ondas, atuam como ativistas incansáveis na luta pelo fim do racismo e do machismo no esporte

Sobre “surfar no asfalto”, registre-se a conquista do skatista negro Felipe Gustavo, o primeiro a dar a volta de estreia do esporte no programa olímpico na pista da modalidade street nos Jogos de Tóquio 2021.

Começamos e terminamos este texto de apresentação da edição Atletas do Brasil Negro com o futebol, onde mais brilhamos nos esportes e mais o racismo se manifesta, com três pioneirismos curiosos, para o bem e para o mal. 

São eles: 

  • Exu, Futebol e Oxossi, que conta da atuação do meia-atacante Paulinho garante um placar de 4 a 2 contra a Alemanha nas Olimpíadas de Tóquio e  saca uma flecha imaginária das costas em homenagem a Oxossi; 
  • Neymar, o mais caro do mundo, pioneirismo conquistado em 3 de agosto de 2017, com sua venda do FC Barcelona para o Paris Saint-Germain por 222 milhões de euros, cerca de R$ 822 milhões na época, e 
  • Marcelo, autor do primeiro gol contra da seleção brasileira em um jogo inaugural de Copa do Mundo. Aconteceu no dia 12 de junho de 2014 em partida contra a Croácia.
  • Vini Júnior, nascido pioneiro com a bola e referência no combate ao racismo no futebol. 

Nem tudo são flores!

Boa leitura.

A redação

Acesse a edição “Atletas do Brasil Negro”.

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