•EDIÇÃO•
Voltar a vir a ser
novembro de 2023
Imagem: Anderson Silva, Etiene Medeiros, Ademar Ferreira e Didi (Imagens: Reprodução)
Quem nós éramos em África? O que a escravização fez de nós? Quem somos hoje? O que podemos voltar a vir a ser? As perguntas do filósofo Jayro Pereira inspiram esta edição.
Pessoas pretas: somos o mundo! E voltar a vir a ser a ideia é trazer para o centro a vida do povo preto, nos compreendendo, resgatando nossas histórias, nossos pressupostos humanitários. Vivemos em uma sociedade que não valoriza a vida. Quando nos compreendermos, garantiremos o nosso existir, defendendo uma outra proposta de humanidade.
Nunca estamos sós. O reflexo do nosso corpo é o reflexo da nossa coletividade, da nossa espiritualidade. Compreender esta relação com o Universo é algo mais que salutar, saudável, potente. Não somos mulheres e homens sós.
A afrocentricidade já é em nós. Precisamos nos apropriar. Somos um duplo da própria existência o tempo todo, mesmo quando não vemos. O ancestral é vivo. A sombra é o nosso ancestral e quando ele não aparece é porque está em nós. No palco da vida, nunca estamos sós.
Enquanto o ser racional é desconectado do espírito (visão ocidental), a afrocentricidade propõe a reconexão – mente e coração. Nossa espiritualidade é para além dos terreiros, dos templos, das instituições. Ela é mais que religiosa, é de co-existência com todos os seres viventes. Somos corpo e alma, em diálogo permanente, atemporal. O corpo é parte do espírito.
Nessa direção, a busca de conhecimento é fundamental e deve ser permanente para ampliar a roda e nos fortalecer na perspectiva de construir um outro legado humanitário.
Os colonizadores nos dispersaram. Por isso, somos um eterno vir a ser e dentro deste cárcere permanente, ao qual estamos submetidos pela escravização mental.
Viemos da liberdade.